Cornélio Pires nasceu em Tiête-sp no dia 13/07/1884, e faleceu no dia 17/02/1958. Cornélio Pires herdou de seu pai, o Sr. Raimundo, o gosto e também a habilidade para "contar os causos". Foi Escritor, compositor, conferencista, jornalista, "contador de causos", folclorista e poeta, dedicou grande parte de sua vida à compilação e divulgação da cultura sertaneja, através de livros, discos, filmes, conferências, artigos de jornais e composições musicais ("Moda do Peão" e "Jorginho do Sertão" são dois exemplos do excelente trabalho musical de Cornélio).
Já existia evidentemente esta Cultura, no entanto, foi Cornélio Pires que, com o seu inestimável trabalho, possibilitou que a Música Caipira fosse divulgada.
Em 1929 Cornélio Pires, num procedimento inédito até então, resolveu divulgar em disco músicas, anedotas, versos e outras manifestações caipiras e, para tanto, procurou a firma Byington & Company. O diretor da Colúmbia - representante local da Byington & Company - era o americano Wallace Downey e o proprietário da empresa era o Dr. Alberto Jackson Byington Jr. Que não se interessou nem um pouquinho pelo projeto pois “tinha certeza de que o mesmo não teria nenhuma lucratividade”.
- Gravar discos de anedotas e violeiros? Isso é “mais uma piada sua”! Não há mercado para isso, não interessa!
- E se eu gravar por conta própria"?
- Bem, nesse caso, você teria que comprar mil discos. Quero dinheiro à vista, nada de cheque e, se o pagamento não for feito hoje mesmo, nada feito". Lógico que Byington Jr. estava tentando descartar de vez tal possibilidade ou, em outras palavras, era proposta de quem não queria mesmo fechar negócio de jeito nenhum.
Cornélio Pires calculou então quanto custariam os mil discos e saiu à procura do amigo Castro na Rua 15 de Novembro, e lhe pediu o dinheiro emprestado. Retornou em seguida à sede da gravadora e, entrando na sala de Byington Jr., jogou sobre a mesa deste, um grande pacote embrulhado em jornal.
- O que é isso?
- Uai, dinheiro! Você não queria dinheiro?
Byington Jr. abriu o pacote, “assombrado”:
- Mas aqui tem muito dinheiro!
- É que, ao invés de mil discos, eu quero cinco mil!!
Meio aturdido, Byington Jr. tentou convencê-lo de que cinco mil era muito, era "uma loucura". Naquele tempo não se faziam prensagens iniciais em tais quantidades nem mesmo para artistas famosos! O número na época era "astronômico", por assim dizer...
Cornélio foi ainda mais além:
- "Cinco mil DE CADA, porque já no primeiro suplemento vou querer cinco discos diferentes e portanto são 25 mil discos".
Aqui abro um parêntese para citar um “engano”, muito comum entre quase todos os pesquisadores pois, no primeiro suplemento, saíram 6 discos diferentes. Em vez de 25 mil, foram lançados 30 mil discos, em Maio de 1929, segundo fontes concretas, prestadas pelo criterioso pesquisador o professor Nirez. A confusão se faz e é evidente que se faça, porque em Outubro de 1929, no segundo suplemento, foi que Cornélio lançou 5 discos, com também cinco mil de cada, totalizando dessa forma, os 25 mil discos.
E foi assim que Cornélio Pires pagou a prensagem dos discos (com dinhero emprestado, conforme já foi mencionado) e lançou a Série Caipira Cornélio Pires, com o número especial 20.000, e o famoso “selo vermelho”, também especial. Na turma, por sinal, Mariano e Caçula, gravavam pela primeira vez o gênero moda-de-viola, com a música “Jorginho do Sertão” (Cornélio Pires).
http://www.boamusicaricardinho.com/index_int_2.html
A PRIMEIRA MODA DE VIOLA
A primeira moda de viola gravada no ano de 1929, de cornélio Pires, Jorginho do sertão, gravado em disco de 78Rpm, nas vozes da dupla Caçula e Mariano.
Narração de Cornélio Pires:
"Jorginho do Sertão": Moda de Viola Paulista. Folclore Paulista.
Parte Cantada:
Ai, ai, ai, ai...
No meio desse salão
Ai, ai, ai, ai...
Que nóis dois cantando junto
Faz chorar dois coração...
O Jorginho do Sertão
Rapazinho inteligente
Numa carpa de café
Ele enjeitou três casamento.
Ele acabou seu serviço
Tão alegre tão contente
Veio dizer pro seu patrão:
"Quero a minha conta corrente".
"Jorge: a conta eu não lhe dou
Pro vosso procedimento.
Tenho três filha solteira,
Eu lhe ofereço em casamento".
Logo veio a mais velha
Por sê a mais interesseira:
"Jorginho case comigo
Que eu sou a mais trabalhadeira".
Logo veio a do meio
Cheia de tope e de fita:
"Jorginho case comigo
Que eu das três sou a mais bonita".
Logo veio a mais nova
Vestidinho amarelo:
"Jorginho case comigo
Que das três sou a flor da terra".
O Jorginho do Sertão:
É rapaz de pouca luma;
"Não posso casar co' as três,
Ai, eu não caso com nenhuma".
Na hora da despedida:
Ai, ai, ai, ai...
É que a moreninha chora:
"Ai, ai, ai, ai"...
Jorge pegou seu cavalo
Encilhou na mesma hora,
Veio dizer prá morenada:
"Ai, adeus que já vou me embora".
http://www.4shared.com/mp3/BKWmP_PV/Jorginho_do_Serto__Cornlio_Pir.html
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